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O poder da empatia

Alguém duvida de que calçar os sapatos do outro pode ser transformador aos negócios? A importância da empatia no mundo dos negócios é um tema recorrente na discussão sobre os desafios do oscilante cenário do mercado atual.


“Poderia haver maior milagre do que olharmos com os olhos do outro por um instante?”

– Henry David Thoreau

Dividiremos esse tema em três posts para que possamos explorá-lo com maior desenvoltura. Neste post discutiremos o que é a empatia e a sua presença na atualidade.

O poder da empatia - Blog MJV

 O que é empatia?

“Calçar os sapatos do outro” é uma expressão que traduz muito bem o que a empatia significa – que é a capacidade de alguém se colocar no lugar do próximo e sentir as suas emoções, sejam elas positivas ou negativas. Empatia é definida como a capacidade de se identificar com outra pessoa, de sentir o que ela sente, de querer o que ela quer, de aprender do modo como ela aprende.

Para a sociologia, a empatia é uma forma de cognição do ‘eu social’ mediante três aptidões: para se ver do ponto de vista do outro, para ver o outro do ponto de vista de um terceiro ou para ver os outros do ponto de vista deles mesmos.

A ciência por trás da empatia

A descoberta dos neurônios-espelho, em meados dos anos 90, tem modificado o modo como pensamos sobre nós mesmos, e tem sido considerada um dos achados mais importantes sobre a evolução do cérebro humano.

Espalhados por partes fundamentais do cérebro, os neurônios agem quando realizamos uma ação e também quando observamos alguém realizá-la. Essas células disparam em resposta a cadeias de ações.

Este é o caso, por exemplo, de um bebê que começa a chorar porque um outro bebê perto dele está chorando. Ou o caso do riso, que se espalha em um grupo mesmo que as pessoas não estejam conscientes de porque os outros estão rindo.

Se você vir alguém emocionalmente aflito por alguma razão, os neurônios-espelho do seu cérebro irão simular aflição. Automaticamente, você sente empatia pelo outro porque, literalmente, sente o que ele está sentindo.

A lógica da psicologia, por sua vez, conclui que empatia é um processo de identificação no qual o sujeito se coloca no lugar do outro e, assim, com base em suas próprias suposições ou impressões, tenta compreender o seu comportamento. Faz parte de uma inteligência emocional profunda. A empatia permite àqueles que a possuem ver o mundo através dos olhos dos outros e entender suas perspectivas de forma única.

É bom observar que a empatia tampouco é o mesmo que aquela regra de ouro que diz “Faça aos outros o que gostaria que eles fizessem a você”. Tal recomendação pressupõe que seus próprios interesses coincidem com os dos outros.

Uma citação de um dramaturgo e romancista irlandês ilustra bem essa observação. Ele diz: “Não faça aos outros o que gostaria que eles lhe fizessem – eles podem ter gostos diferentes dos seus.” E é exatamente isso. A empatia é uma questão de descobrir esses gostos diferentes.

Empatia x Simpatia

Embora parecidos, esses termos têm significados diferentes e devem ser usados em situações diferentes. Apesar de ambos contribuírem para um bom desenvolvimento das relações humanas, seus conceitos são distintos.

Enquanto a simpatia envolve a inclinação para o pensar ou sentir de forma semelhante, a empatia depende de mecanismos como capacidade de entendimento, projeção; um processo de identificação. É ver o que o outro vê; é pensar o que o outro pensa; é sentir o que o outro sente. Ao contrário da simpatia, a empatia requer tempo e consideração.

A empatia no mundo 

Brené Brown é uma renomada pesquisadora da Universidade de Houston que estuda as relações humanas. Em uma palestra no TEDxHouston de 2010, a pesquisadora comenta um estudo de Theresa Weiseman, uma estudante de enfermagem que pesquisou variadas profissões nas quais a empatia é relevante.  Ela levantou quatro pilares:

– O primeiro deles é a tomada de perspectiva, ou seja, a habilidade de tomar ou reconhecer a perspectiva da pessoa como verdadeira;

– O segundo, diretamente ligado ao primeiro, é a ausência de julgamento, o que é muito complicado: atire a primeira pedra que nunca o fez!;

– O terceiro pilar é o reconhecimento das emoções em outras pessoas;

– E, por fim — mas não menos importante — a comunicação dessas emoções.

A relevância desse tema é tamanha que, em setembro do ano passado, foi aberto em Londres o Museu da Empatia, o primeiro do mundo. Nesse museu, os visitantes encontram um espaço onde podem se colocar no lugar de outras pessoas e ver o mundo através dos olhos delas. O objetivo é desenvolver mais empatia e criar uma revolução global através das relações humanas.

A experiência no museu começa com o visitante informando o tamanho do seu sapato para em seguida receber os calçados de outra pessoa. Ele deve andar por cerca de um quilômetro e meio neles e, enquanto caminha nos pés de outra pessoa, o visitante escuta um áudio em um Ipod com a história do dono do sapato, como se fosse uma conversa com alguém que não está lá e vai descrever o mundo segundo a própria visão.

Já em Nova Iorque acontece mensalmente a Applied Empathy, reunião na qual indivíduos de diferentes áreas são convidados a discutir com a plateia as diferentes formas como incorporam a empatia em suas vidas pessoais e profissionais. Um outro exemplo vem do Departamento de Artes da universidade de Stanford, na Califórnia, que promoveu entre agosto do ano passado e janeiro deste ano, uma exposição dedicada à empatia, representada através do olhar do Budismo, Cristianismo, Iluminismo e fotografias da era dos Direitos Humanos. É grande o número de eventos, sites e livros relacionados ao tema.

E no ambiente corporativo?

A empatia como fator primordial para a vida em sociedade é um consenso mundial. Sua influência no mundo dos negócios é largamente discutida e sua prática é fortemente recomendada. Em breve falaremos sobre a sua aplicação no ambiente corporativo.

Até lá, convidamos você a refletir sobre a presença da empatia nas suas ações e cotidiano – como você tem percebido as pessoas a sua volta?

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