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Smart Cities: a tecnologia a favor das grandes cidades

De acordo com a ONU, até 2030 a população mundial atingirá o número de 8.3 bilhões de habitantes. Isso acarretará em um aumento assombroso na demanda por energia elétrica, água, ar limpo e, claro, conveniência.


A inovação é a grande aposta das grandes cidades para a adaptação a esta realidade que se estrutura em meio aos desafios atuais impostos pelo processo de urbanização intensivo e desordenado que elas têm sofrido nos últimos dois séculos.

Essa inovação para grandes cidades é o conceito de Smart Cities.

NOVAS SOLUÇÕES PARA VELHOS PROBLEMAS

Em Los Angeles, a polícia incorporou o Big Data à sua rotina de trabalho para a solução de crimes. A instalação de câmeras nos carros das patrulhas que rodam pela cidade, conectadas à um programa de leitura de placas, permite que todos os carros que cruzam o caminho das viaturas tenham seu histórico levantado; essa coleta fornece ao policial, em tempo real, informações como se determinado veículo foi roubado ou se o seu dono possui um mandado de prisão. O programa pode analisar até dezenas de milhares de placas em um único dia.

Essas informações são então enviadas a um sistema de Data Mining que é considerado a versão digital de um agente federal.As informações são combinadas à uma base de dados de mais de cem milhões de data points, de diferentes fontes, o que resulta em um mapa impressionante de informações de um único suspeito. É possível saber os lugares que ele frequenta (através do reconhecimento de placas feitos anteriormente), antecedentes criminais, números de celular e pessoas ligadas a ele, e endereços residenciais, atuais e passados. O departamento de polícia não precisa mais procurá-lo pela cidade toda –eles sabem por onde o suspeito transita.

Outro problema urgente das grandes cidades é o processamento do lixo: é custoso, trabalhoso e não para de aumentar. Só no Brasil, a ONU estima que, por dia, 80 mil toneladas de resíduos sólidos urbanos são descartados de forma inadequada.

Nos EUA, onde 55 bilhões de dólares são gastos anualmente com o descarte de lixo urbano, uma lixeira de rua está revolucionando o processamento de resíduos, diminuindo a poluição e economizando milhões de dólares no processo.

A solução adotada por diversas cidades do mundo, mas de forma mais extensa e significativa na Filadélfia, combina o uso de placas solares, Internet das Coisas (Internet of Things) e compactação de lixo.

A lixeira compacta automaticamente os resíduos nela depositados, permitindo que o aparelho comporte um volume até 5x maior que uma lixeira tradicional. Quando está cheia, ela manda um aviso a um site específico avisando que ela precisa ser esvaziada.  Isso otimizou o serviço de coleta, diminuindo drasticamente a quantidade de incursões nas ruas e de funcionários dedicados a essa função. Atualmente, o excedente de funcionários engrossa a mão-de-obra destinada à reciclagem. O resultado final é uma economia de 1 milhão de dólares ao ano para a cidade.

Com as placas solares, uma lixeira deste tipo funciona por um ano inteiro utilizando a mesma quantidade de energia que um caminhão de lixo demanda para andar pouco mais de 1,5km. Menos poluição, menos tráfego, menos gasto com combustível.

O POSSÍVEL IMPACTO  NO COMÉRCIO

Já em NY, as inovações trazidas pelas smart cities prometem dar um gás também ao comércio local. Tecnologias de reconhecimento visual estão sendo instalados em postes, em parte da cidade, contabilizando cada pedestre em movimento nas ruas. Os responsáveis pela iniciativa argumentam que para servir melhor os seus moradores, eles precisam entender como a dinâmica da forma mais popular de transporte da cidade funciona (mais de 60% da população se movimenta pela cidade a pé ou através de transportes públicos).

O sistema dá conta de mais de 10 milhões de pessoas por dia e podem, inclusive, dizer quantas pessoas se encontram em cada prédio pertencente ao perímetro coberto pelas câmeras. As autoridades já estão repassando esse tipo de informação a pequenos empresários através de um atlas online que mapeia os negócios da região. E ainda existe a possibilidade de migração de dados através de aplicativos: você poderia ser avisado de que hoje é um bom dia pra ir naquele restaurante que você quer ir há tempos, mas que está sempre lotado. Se pensarmos na movimentação diária em estabelecimentos como farmácias e supermercados, isso significa muito menos tempo gasto em filas.

Mas nem só de inovação em tecnologia vivem as cidades inteligentes. Em 2014 a MJV participou de um projeto de urbanização da Gávea, o Puig Project, um parque urbano pautado nas smart cities, integrando desenvolvimento tecnológico e desenvolvimento social, para gerar qualidade de vida e bem estar para a sociedade.

Durante uma semana, gestores de grandes empresas juntamente com estudantes da PUC e da Universidade Aalto, da Finlândia, trabalharam os seguintes desafios: Mobilidade inteligente, Inclusão social, Desenvolvimento e preservação do patrimônio cultural, histórico e ambiental do bairro e Segurança pública. Todos eles envolveram as etapas do Design Thinking (imersão, ideação, análise e síntese e prototipação) e foram acompanhados de perto por experientes professores brasileiros e finlandeses.

O RIO DE JANEIRO E AS OPORTUNIDADES DE NEGÓCIOS

Destacando-se na inovação em gestão de grandes cidades, o Rio de Janeiro foi a grande vencedora do prêmio World Smart City 2013, concedido anualmente pelos organizadores do congresso Smart City Expo, de Barcelona. A cidade também recebeu o primeiro lugar no Ranking Connected Smart Cities 2015, evento nacional que conecta cidades brasileiras, tendo destaque nas áreas de Economia, Tecnologia e Inovação, Empreendedorismo, Mobilidade, Meio Ambiente, Educação e Saúde; além disso, foi a anfitriã do evento em 2016. O evento possui rodada de negócios e promove a difusão de ideias entre governos e empresas.

Uma das ideias iniciativas já postas em prática no Brasil é uma rede social para cidadania que permite que cidadãos fiscalizem problemas, sugiram melhorias urbanas e avaliem serviços públicos pela web ou smartphone; do outro lado, governos e empresas têm acesso a uma plataforma de gestão para que as demandas sejam atendidas e resolvidas, envolvendo as pessoas nas tomadas de decisão.

Para o deslocamento urbano, foi criada uma comunidade de usuários de transporte público que alimenta um sistema de informações colaborativo sobre a rede de transportes, contribuindo com os próprios usuários, empresas e órgãos do governo, que terão acesso à situação da rede em tempo real.

Cidades híbridas: realidade urbana aumentada

A Organização das Nações Unidas reporta que aproximadamente ¾ da população européia vive em cidades, e oito a cada dez pessoas da América do Norte e do Sul também. A grande questão é se a tecnologia será capaz de acomodar todos. A visão de especialistas sobre smart cities é um híbrido do digital e do físico que resulta em uma espécie de realidade urbana aumentada.

O smartphone é essencial – até 2017 a Cisco prevê que o aumento do tráfego móvel mundial ultrapasse em três vezes o tráfego de dados nas redes fixas. O caos, quase sempre associado à vida nas grandes cidades, pode dar lugar à organização. Basta saber quem serão os pioneiros a desenvolver as tecnologias adequadas. 

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