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Open Finance da teoria à prática: desafios, vantagens e oportunidades

A autonomia dos clientes está sendo encarada como um trunfo importantíssimo, que será disputado com unhas e dentes pelo sistema financeiro como um todo.


O Open Finance transcendeu o status de novidade para consolidar-se como uma transformação fundamental no mercado financeiro.

À medida que o termo deixa de ser uma expressão exclusiva do universo financeiro e o torna acessível ao público em geral, cresce a consciência sobre os benefícios desse conceito inovador.

Confira neste blog como o Open Finance tem aberto caminhos para uma era que têm redefinido a relação entre indivíduos e serviços financeiros.

O que é o Open Finance? 

Open Finance trata-se de um ecossistema cujo principal objetivo é tornar o mercado financeiro mais aberto e acessível a partir do compartilhamento de informações financeiras autorizadas entre as instituições.

Pense no Open Finance como se fosse uma tubulação. Ele é a infraestrutura que vai permitir que todos os produtos e serviços estejam disponíveis entre as instituições financeiras participantes.

Assim, a iniciativa do Banco Central tem como missão trazer inovação ao sistema financeiro, permitindo a concorrência e a melhor oferta de produtos e serviços aos consumidores.

Isso ocorre por meio do compartilhamento de dados via APIs – falaremos dela adiante. Dessa forma, as instituições financeiras conseguem acessar as informações dos clientes de outros players.

A grande novidade é que o protagonista do novo sistema é o usuário. Isto é, as instituições financeiras não detém mais a exclusividade dos dados dos clientes.

O consumidor agora dono de seus próprios dados e decide quando, com quem e para quais finalidades deseja compartilhá-los.

Leia também: Open Insurance: o que é e como funciona

Qual a diferença entre Open Banking e Open Finance?

O Open Finance consiste na ampliação do Open Banking. Explicamos melhor.

Quando a iniciativa surgiu, logo foi nomeada de Open Banking porque representava o ecossistema de abertura das instituições bancárias. Mas a ideia era bem mais ampla. 

Representava também a abertura de todo ecossistema financeiro, indo além dos bancos.

Para incorporar a ideia de abertura total, em maio de 2021, o Banco Central anunciou que o modelo de negócio do Open Banking deveria ser substituído pela nomenclatura Open Finance. Ou seja, uma expansão do modelo anterior.

De forma prática, o Open Finance faz parte do mesmo sistema do Open Banking, mas abrange também outras empresas do setor financeiro dentro desse ecossistema, como:

  • Instituições como plataformas de investimento;
  • Corretoras de seguros;
  • Fundos de pensão e previdência;
  • Outras.

4 benefícios do ecossistema aberto

Com a ascensão do Open Finance, um vasto horizonte de benefícios se desenha no sistema financeiro.

Neste contexto, exploraremos quatro benefícios que o Open Finance traz consigo, delineando como a experiência do cliente, usabilidade, personalização e a inovação convergem para criar um ambiente aberto mais fluido.

Experiência do cliente

Sim, uma série de possibilidades surgirão a partir da implementação do Open Finace. A experiência do cliente, por exemplo, será um farol importante nesse mar de oportunidades de serviços e produtos que virão. 

Conhecer melhor o consumidor ajudará a entender sua capacidade de pagamento de forma mais acurada. Assim, será possível oferecer um modelo que auxilie o cliente a lidar melhor com seu dinheiro por meio de ofertas inteligentes.

Usabilidade

Como o cliente terá muito mais opções disponíveis para migrar seus dados, as instituições devem investir em soluções simples, intuitivas e na boa usabilidade das plataformas para atrair mais público. 

Simplicidade e agilidade nas transações é o caminho.

Hiperpersonalização

Quanto mais um banco sabe sobre seu cliente, mais a instituição pode auxiliá-lo de forma personalizada. Por isso, a hiperpersonalização é tão decisiva.

Mais que nunca, a tecnologia e a inovação andam de mãos dadas agora mais intensamente, a partir dos inputs do comportamento dos clientes. 

Se o foco do mercado é o cliente, sem dúvidas, você deve conhecê-lo profundamente por meio do uso estratégico de dados.

Inovação

Inovação é a arte de conhecer, pesquisar, articular e propor soluções eficientes. 

Ela permitirá que as instituições evoluam com as soluções que já trabalham e também estimulem a criação de serviços ainda melhores. O Design Thinking é uma boa abordagem para usar com esse objetivo.

Você pode se interessar por: Fases do Design Thinking: entenda o que é e como funciona cada etapa

Fases do Open Finance 

O Open Finance percorre uma trajetória marcada por fases distintas, cada uma representando avanços significativos no ecossistema.

Confira, a seguir, cada uma delas.

Fase 1 – Compartilhamento padronizado de dados, serviços e produtos oferecidos entre as próprias instituições financeiras.

Fase 2 – Compartilhamento de dados cadastrais dos clientes, informações sobre transações em suas contas, cartão de crédito e produtos de crédito contratados em instituições financeiras.

Fase 3 – Surge a possibilidade de compartilhamento dos serviços de iniciação de transações de pagamento e de encaminhamento de proposta de operação de crédito.

Fase 4 – Será possível o compartilhamento de outros dados de produtos e serviços, como informações relacionadas a operações de câmbio, investimentos, seguros e previdência.

Qual a importância das APIs

API  ou Interface de Aplicações de Programação, é uma ferramenta essencial que permite às instituições compartilharem informações de maneira padronizada no Open Finance.

Imagine uma espécie de sistema com áreas compartilhadas projetadas para interagir de maneira eficiente com outros sistemas. Essa é a função da API.

As APIs não foram concebidas exclusivamente para o Open Finance. Pelo contrário, ela é um elemento universal de tecnologia, amplamente utilizado na integração de sistemas em diferentes contextos.

Um exemplo notável é a API do Google Maps, utilizada para integrar o serviços de mapas da big tech em diferentes plataformas. Até o Uber utiliza o Google Maps como parte integrante da sua solução.

Isso ressalta a versatilidade, onipresença e importância das APIs abertas, rompendo fronteiras setoriais para impulsionar a conectividade e a eficiência em diferentes aplicações.

Como funciona o Open Finance na prática?

Descubra na prática e em simples passos como o Open Finance redefine a experiência financeira, promovendo transparência, personalização e uma gama de serviços.

1. Integração de dados

O primeiro passo é o compartilhamento de dados de clientes de forma padronizada via APIs.

2. Acesso à informação

Os clientes autorizam o acesso às suas informações financeiras para terceiros, como fintechs ou instituições, permitindo uma visão consolidada de seus dados em um único local.

3. Ampla gama de serviços

A interoperabilidade proporcionada pelas APIs vai além das transações bancárias. Ela abrange uma variedade de serviços, desde investimentos, oferta de seguros até planejamento financeiro, proporcionando aos usuários diversas soluções.

4. Personalização

As instituições podem oferecer soluções mais personalizadas, adaptadas às necessidades individuais dos clientes. 

5. Melhoria na experiência

Os clientes experimentam uma melhoria significativa em sua experiência financeira, com acesso simplificado a uma variedade de serviços, maior transparência e a capacidade de gerenciar suas finanças de forma mais eficiente.

Principais desafios

Embora o ecossistema aberto represente uma inovação com inúmeros benefícios, também apresenta desafios de implementação e adesão.

Alguns dos principais obstáculos incluem:

  1. Adesão da população: uma parcela da população ainda hesita em compartilhar suas informações financeiras, mesmo em um ambiente regulamentado.
  2. Padronização de dados: a falta de uniformidade nos dados pode dificultar a integração eficiente e a sua implementação.
  3. Segurança e privacidade: o aumento do compartilhamento de informações requer medidas rigorosas de segurança para evitar violações e garantir a confiança do público.
  4. Interoperabilidade de sistemas: a harmonização eficiente dos sistemas é vital para a implementação bem-sucedida.

7 razões para investir em uma estratégia de Open Finance

Confira, a seguir, quais são as sete vantagens que uma estratégia de Open Banking pode oferecer ao seu banco — ou por que vale tanto a pena investir nessa tendência.

  1. Monetização de serviços: incremento significativo na rentabilidade, a partir de uma melhor utilização dos dados para conhecer e atender clientes com mais eficiência;
  2. Redução de custos: melhor uso da tecnologia para diminuir gastos tanto para a instituição bancária quanto para clientes e parceiros;
  3. Melhoria na experiência do cliente: diferenciação da concorrência dentro do setor e entre fintechs e big techs, a partir da satisfação do consumidor;
  4. Novos produtos e serviços: cultura de disrupção para a geração de produtos e serviços mais lucrativos e que atendam as necessidades do público alvo;
  5. Otimização de desenvolvimento e pesquisa de soluções: por meio de estratégias de dados, é possível tornar pesquisa e desenvolvimento mais eficientes, rápidos e baratos;
  6. Aceleração da transformação digital: ao firmar parcerias com startups e empresas de TI para a estratégia, por exemplo, é possível transpassar os obstáculos para a transformação digital;
  7. Ganho de valor: além da percepção dos clientes e de outros públicos de interesse, os bancos que atuam com inovação aberta elevam seu valor geral de mercado.

O sistema que pode mudar a indústria financeira 

O mercado financeiro já mudou. Agora, a perspectiva de um ecossistema financeiro aberto é real.

Aqui no Brasil, a quarta fase do Open Finance iniciou, sendo mais um passo na direção de tornar o mercado financeiro aberto, acessível e competitivo. Enquanto ganha escala, o projeto já atingiu a marca de 27 milhões de usuários.

Nesta nova etapa, denominada de open investments, o compartilhamento de dados avança para abranger o acesso às informações sobre investimentos, como CDB, Tesouro Direto e outras.

E o horizonte se amplia ainda mais: a partir de 2024, a 4ª fase do Open Finance prevê o compartilhamento de dados sobre o câmbio, seguro, previdência, capitalização e credenciamento.

Hoje, dois anos após o lançamento do Open Finance, o projeto ganha tração dia após dia, com estimativa de alcançar 60 milhões de usuários até 2025, de acordo com projeções do Febraban.

Atualmente, há cerca de 800 instituições financeiras cadastradas como participantes, incluindo bancos, cooperativas de crédito, fintechs, entre outras.

Como fazer parte da vanguarda deste sistema financeiro?

Chegou a hora de repensar o setor bancário em relação a novos modelos abertos, inteligentes e baseados em plataforma. 

Bancos e instituições financeiras estão sentados em uma mina de ouro de dados que podem fornecer informações poderosas para potencializar diferentes funções bancárias e criar novas oportunidades de receita.

É momento também de entregar aos consumidores opções e ofertas mais competitivas dentro de um mercado em franco crescimento com a chegada de novas empresas.

Do contrário, os bancos, como conhecemos hoje, deixarão de existir.

Quer saber como o Open Finance auxiliará as instituições a construírem produtos e serviços digitais muito mais aderentes aos consumidores? Baixe o Report Financeiro 2024 e entenda como a abertura de novos nichos de mercado vai elevar o patamar competitivo do setor.

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